Iniciando a
terceira semana da Páscoa o Cristo Ressuscitado nos oferece mais uma vez a sua
Paz. Depois de acompanhar dois discípulos no caminho para Emaús, aquecendo os
seus corações e ceando com eles, Cristo entra no meio do Apóstolos e comunica-lhes o
Shalom: a plenitude dos bens messiânicos prometido por Deus ao seu povo na
Antiga Aliança. A expressão usada por Jesus não é uma simples saudação cultural
ou votos de uma paz psicológica em meio ao desânimo e ao medo. Como Judeus, os
apóstolos sabiam bem o significado da “saudação” do Senhor: “a paz esteja
convosco”. Deus não abandonou o seu povo, cumpriu a promessa feita aos
patriarcas citados por Pedro na primeira leitura da liturgia deste domingo: 13“O Deus de
Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos antepassados glorificou o seu servo
Jesus”. Neste sentido entendemos que a Ressurreição de Jesus nos abre a
perspectiva de um tempo novo, marcado não pela lamentação e o medo, mas pela
alegria e a paz, como fruto do Mistério de Morte e Ressurreição de Jesus. A Paz
que o Senhor oferece é fruto de sua oferta na Cruz e da força da ressurreição
que brota dela. Corresponde a toda sorte de Bênçãos do Alto, que vindo de Deus
resgata o homem de si mesmo, não o abandonando à própria miséria, mas
resgatando sua dignidade e estabelecendo uma Nova e Eterna Aliança, realizada
no tempo e na história, mas ultrapassando-os. Restabelece-se assim no Novo
Adão, o vínculo de Amor entre Deus e o homem, rompidos no início dos tempos
pelo pecado do Velho Adão.
Na
segunda leitura, São Paulo nos adverte para a necessidade de vivermos este
tempo novo como uma contínua conversão no sentido de permanecermos fiéis ao que
Deus nos revelou e realizou em nós pela Ressurreição de seu Filho, e pelo testemunho dos Apóstolos. Conservar em
nossa vida o dom da ressurreição de Jesus para vivermos plenamente no Amor de
Deus: 5aNaquele,
porém, que guarda a sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado”. É neste Amor de oferta e resgate
de nossa dignidade que somos chamados a encontrar força e ânimo para enfrentar
as desilusões da nossa vida, e os temores de um futuro que não conhecemos,
confiando na misericórdia e presença benevolente dAqule que está conosco e é a
razão da nossa esperança. Como testemunhas deste Mistério, somos chamados a
oferecer ao homem e a mulher de nosso tempo, marcados pelo desespero, a paz de
Cristo Ressuscitado como um bem em favor do resgate da dignidade da vida
humana, da real promoção dos povos e construção de um mundo novo. Como
Cristãos, devemos ser promotores da Paz do Ressuscitado que fecunda nos
corações humanos a coragem e a esperança de dias melhores. As inquietações do
nosso tempo e a contínua busca exasperada do Ser humano pela felicidade só encontrarão
respostas quando nos deixarmos encontrar e penetrar pela força do Mistério de
Cristo, que “abre a nossa inteligência”, nos livra de nossas ilusões e
desperta-nos para um horizonte novo de possibilidades. É Santo Agostinho quem nos
lembra : “O coração do homem está inquieto até que repouse em Deus”. A Paz do Ressuscitado
esteja com todos. Assim seja. Amém.